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Quem cuidará dos nossos idosos?

Asilo ou casa? A partir desta indagação, os pesquisadores Camila Ribas Marques de Oliveira, Carolina da Silva Souza, Thalita Martins de Freitas e Cláudio Ribeiro,

buscaram entender um drama cada vez mais comum entre os idosos. Eles desenvolveram um estudo, em 2006, para avaliar a importância da família e a sua participação no processo de envelhecimento.

 

A pesquisa, em um lar de idosos no Rio de Janeiro, revelou dados importantes. O principal deles foi o desapego à família por parte do idoso institucionalizado. Entre os entrevistados, 69,7% declararam ter familiares vivos, mas apenas 34,8% disseram sentir saudades. Também 47,82% responderam que nada esperavam dos familiares para se sentirem melhor. Tal resultado pode ser explicado pela última questão: a internação no asilo foi voluntária? 64,64% disseram que não.

A pesquisa é apenas mais uma entre tantos estudos que cada vez mais surgem para analisar um público que só tende a crescer. Com o aumento da expectativa de vida, mais são os idosos que necessitam de atenção de sua família - um carinho que nem sempre se confirma, por justificativas diversas, como a falta de tempo disponível. 

A decisão de transferir o idoso do seu lar para uma instituição de longa permanência é sempre um grande desafio para todos. Essa atitude pode ser tomada por muitos motivos, mas são os seus próprios filhos, em sua maioria, que determinam tal condição. Aos idosos, cabe encarar uma transformação quase sempre radical do seu estilo de vida e, claro, as consequências disso, como a possível exclusão social.

Muitos idosos vêem a institucionalização como perda da liberdade, abandono pelos filhos e familiares, proximidade da morte, além da ansiedade quanto à condução do tratamento pelos funcionários.

A Política Nacional do Idoso define a instituição de longa permanência como o atendimento em regime de internato ao idoso sem vínculo familiar ou sem condições de prover a própria subsistência de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação saúde e convivência social.

Mesmo que o asilo atenda às suas necessidades assistenciais, o espaço nunca será o mais adequado para que eles envelheçam em pleno convívio social. A tendência é priorizar as necessidades de alimentação, vestuário, alojamento, cuidados de saúde e higiene, mas desprezando a especificidade da experiência de cada indivíduo.

Apesar disso, não se pode negar que essas instituições cumprem um papel importante e único, que é abrigar o idoso excluído da sociedade e da família, que se encontra abandonado e sem um lar fixo. Pode ser o asilo o único ponto de referência para um envelhecimento digno.

 

Sobre este aspecto, é importante questionar o poder público e as políticas públicas relativas à terceira idade. Enquanto nossas crianças, felizmente, têm definida em lei a obrigatoriedade de estabelecimentos específicos, chamados de escolas de educação infantil, com os idosos pouca ou nenhuma atenção é dada pelos municípios. Transferir-se a um asilo exige, então, aporte financeiro que muitos não dispõem.

Qual a resposta que nossos governantes pretendem dar a esse público e suas necessidades?

Este é um tema que merece nossa intensa reflexão.